segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Desterro

Não sei se estou entendendo muito bem o livro do Bauman (Amor Líquido, comentei sobre ele no post anterior). Quando ele explica a fragilidade dos laços, dos impulsos que levam a relações descartáveis, é compreensível e empírico, porque são situações que vivenciamos no dia a dia, entretanto ainda não percebi qual seria a maneira correta de agir. Talvez essa seja a diferença de um livro de auto ajuda para um livro escrito por um sociólogo renomado - não há o manual. A intenção é esplanar sobre o assunto, ou melhor, perceber a ação positiva na maneira como ele nega a prática dos relacionamentos na pós-modernidade. Particularmente gostei da parte que ele aborda os desejos:

"É como num shopping: os consumidores hoje não compram para satisfazer um desejo, (...) compram por impulso. Semear, cultivar e alimentar o desejo leva tempo (um tempo insuportavelmente prolongado para os padrões de uma cultura que tem pavor em postergar, preferindo a satisfação instantânea. O desejo precisa de tempo para germinar, crescer e amadurecer. Numa época em que o longo prazo é cada vez mais curto, ainda assim a velocidade de maturação do desejo resiste de modo obstinado à aceleração. O tempo necessário para o investimento no cultivo do desejo dar lucros parece cada vez mais longo - irritante e insustentavelmente longo." 1

Mas eu nasci nessa realidade urgente, acelerada - sou fruto dessa época. Estabeleci padrões que se tornaram incompatíveis. Os detalhes almejados são impossíveis de serem alcançados. Encontrar o híbrido de anjo e demônio (pois é, minha idealização é bem estilo Nelson Rodrigues), torna-se uma meta repleta de dificuldades. Acredito que eu faça isso por alguns motivos específicos: falta de confiança (crio empecilhos para me entregar), excesso de confiança (nada é suficiente) ou porque como resultado de relacionamentos anteriores estipulei um parâmetro repleto de desafios.

Vou continuar lendo o Bauman, e só para constar, eu estou fazendo a minha parte - plantando sementes, esperando o desejo germinar...

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Postado ao som de Desterro - Luar na Lubre
1 BAUMAN, Zygmunt.
Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Zahar, 2003, p. 26.

domingo, 10 de outubro de 2010

Regressando...

Vou voltar a escrever.
É um exercício que me favorece de inúmeras maneiras, pois além de possibilitar que eu exteriorize o que me incomoda, ainda colabora com a escrita, que afinal de contas tem sido a minha rotina, porém nem sempre com o que eu gosto de fato.

Antigamente era mais fácil.
Na época dos blogs, eu não me preocupava com nada e bastava um sentimento qualquer: amor, raiva, amizade... tudo isso era suficiente para escrever por muito tempo e sem a preocupação se o português estava correto, ou se estava repetindo termos, entretanto hoje em dia me tornei chata. Isso é fato, eu sempre fui chata, mas hoje é diferente. Uma coisa é quando as pessoas te acham chata, outra coisa é quando você se identifica como tal. Para escrever hoje é preciso mais do que amor ou raiva, é preciso ter uma função social. Mas eu peço antecipadamente perdão por isso. Acabo sendo influenciada pelos meus estudos. Antigamente era assim: http://spm.zip.net/arch2004-11-07_2004-11-13.html. Como podem observar, a preocupação que havia era só de deixar claro as coisas que sentia, não era uma escrita carregada como agora. Então acho que um dos motivos que me levaram a voltar a escrever é criar um "meio termo", onde pudesse dosar a maneira de me expressar.

Não quero me prender a uma escrita lógica aqui nesse espaço.
O Lattes virou meu Orkut, assim tudo o que eu faço em termos de pesquisa e produção acadêmica é com a preocupação de que possa ser lançado no lattes e para isso é preciso ter coerência. Coerência na escrita para que os periódicos se disponham a publicar os meus artigos e coerência nos temas, para que não pareça que é minha intenção abraçar o mundo com as pernas, conhecer tudo e não me especializar em nada. A propósito, esse é o meu lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=W5343118

No momento quero escrever sobre o Zygmunt Bauman.
Apesar de estar passando por um processo de seleção de mestrado, confesso que nenhuma leitura na área da História tem me agradado tanto quanto o livro "Amor Líquido" do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Basicamente o livro aborda a fragilidade dos laços na pós modernidade e sobre a dificuldade das pessoas se entregarem a relacionamentos. As possibilidades são tantas que as pessoas evitam se comprometerem com medo de perderem outras opções de comprometimento, e nessa acabam procurando a vida inteira o "tipo ideal" que não corresponde com a realidade, mas isso é uma opinião particular.

Enfim, ainda poderia escrever sobre o filme "O menino do pijama listrado", mas vou deixar para outro dia, caso contrário fico sem munição.

Até mais