terça-feira, 2 de novembro de 2010

Melhorias pela frente...

Vale a pena citar aqui que estou na reta final de me graduar no curso de licenciatura em História. Comecei o post com essa informação pois como é de conhecimento geral, o historiador tem opinião sobre tudo e mesmo no momento em que é indagado sobre algo que desconhece, miraculosamente consegue ter uma opinião sobre o fato de não tê-la.
Até o final de semana passado, a classe se encontrava em êxtase com as eleições. Os debates iam além de opiniões partidárias, se concentrando também em conceitos democráticos, práticas políticas, participação das minorias e o boom dessa eleição: o trabalho em enfatizar que o Estado é laico!
Enfim, passado o frenêsi e como no campeonato brasileiro, aquele que perde tem o peito cheio de mágoa iniciando um processo de desconsideração à vitória do seu oponente. Esse é o exercício da democracia que por mais lógico e racional que seja, ainda é movido pelas paixões, como quase tudo na vida.
Então, como historiadora, eu também tenho a minha opinião. O fato é que em oito anos nós não temos mais dívida com o FMI, o crédito para o povo subiu de 14% (governo FHC) para 34% (governo Lula) e o que acho primordial: 23 milhões de pessoas saíram da pobreza, fora tantos outros jovens (ou não) que começaram a vislumbrar o ensino superior. Então, emocionalmente falando, não adianta vir com o papo que Lula sucateou o ensino, que a economia do país explodirá... Por vias democráticas, 56% da população acredita que as melhoras continuarão vindo. E eu me incluo.
É a perfeição? Não, não é, mas toda caminhada se inicia com simples passos. Um pé após o outro.

"Toda vez que um justo grita
Um carrasco o vem calar
Quem não presta fica vivo
Quem é bom, mandam matar
Foi trabalhar para todos
E vede o que lhe acontece
Daqueles a quem servia
Já nenhum mais o conhece
Quando a desgraça é profunda
Que amigo se compadece?
Foi trabalhar para todos
Mas, por ele, quem trabalha?
Tombado fica seu corpo
Nessa esquisita batalha
Suas ações e seu nome
Por onde a glória os espalha?"

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Postado ao som de Tema dos "Inconfidentes" - Chico Buarque

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Desterro

Não sei se estou entendendo muito bem o livro do Bauman (Amor Líquido, comentei sobre ele no post anterior). Quando ele explica a fragilidade dos laços, dos impulsos que levam a relações descartáveis, é compreensível e empírico, porque são situações que vivenciamos no dia a dia, entretanto ainda não percebi qual seria a maneira correta de agir. Talvez essa seja a diferença de um livro de auto ajuda para um livro escrito por um sociólogo renomado - não há o manual. A intenção é esplanar sobre o assunto, ou melhor, perceber a ação positiva na maneira como ele nega a prática dos relacionamentos na pós-modernidade. Particularmente gostei da parte que ele aborda os desejos:

"É como num shopping: os consumidores hoje não compram para satisfazer um desejo, (...) compram por impulso. Semear, cultivar e alimentar o desejo leva tempo (um tempo insuportavelmente prolongado para os padrões de uma cultura que tem pavor em postergar, preferindo a satisfação instantânea. O desejo precisa de tempo para germinar, crescer e amadurecer. Numa época em que o longo prazo é cada vez mais curto, ainda assim a velocidade de maturação do desejo resiste de modo obstinado à aceleração. O tempo necessário para o investimento no cultivo do desejo dar lucros parece cada vez mais longo - irritante e insustentavelmente longo." 1

Mas eu nasci nessa realidade urgente, acelerada - sou fruto dessa época. Estabeleci padrões que se tornaram incompatíveis. Os detalhes almejados são impossíveis de serem alcançados. Encontrar o híbrido de anjo e demônio (pois é, minha idealização é bem estilo Nelson Rodrigues), torna-se uma meta repleta de dificuldades. Acredito que eu faça isso por alguns motivos específicos: falta de confiança (crio empecilhos para me entregar), excesso de confiança (nada é suficiente) ou porque como resultado de relacionamentos anteriores estipulei um parâmetro repleto de desafios.

Vou continuar lendo o Bauman, e só para constar, eu estou fazendo a minha parte - plantando sementes, esperando o desejo germinar...

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Postado ao som de Desterro - Luar na Lubre
1 BAUMAN, Zygmunt.
Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Zahar, 2003, p. 26.

domingo, 10 de outubro de 2010

Regressando...

Vou voltar a escrever.
É um exercício que me favorece de inúmeras maneiras, pois além de possibilitar que eu exteriorize o que me incomoda, ainda colabora com a escrita, que afinal de contas tem sido a minha rotina, porém nem sempre com o que eu gosto de fato.

Antigamente era mais fácil.
Na época dos blogs, eu não me preocupava com nada e bastava um sentimento qualquer: amor, raiva, amizade... tudo isso era suficiente para escrever por muito tempo e sem a preocupação se o português estava correto, ou se estava repetindo termos, entretanto hoje em dia me tornei chata. Isso é fato, eu sempre fui chata, mas hoje é diferente. Uma coisa é quando as pessoas te acham chata, outra coisa é quando você se identifica como tal. Para escrever hoje é preciso mais do que amor ou raiva, é preciso ter uma função social. Mas eu peço antecipadamente perdão por isso. Acabo sendo influenciada pelos meus estudos. Antigamente era assim: http://spm.zip.net/arch2004-11-07_2004-11-13.html. Como podem observar, a preocupação que havia era só de deixar claro as coisas que sentia, não era uma escrita carregada como agora. Então acho que um dos motivos que me levaram a voltar a escrever é criar um "meio termo", onde pudesse dosar a maneira de me expressar.

Não quero me prender a uma escrita lógica aqui nesse espaço.
O Lattes virou meu Orkut, assim tudo o que eu faço em termos de pesquisa e produção acadêmica é com a preocupação de que possa ser lançado no lattes e para isso é preciso ter coerência. Coerência na escrita para que os periódicos se disponham a publicar os meus artigos e coerência nos temas, para que não pareça que é minha intenção abraçar o mundo com as pernas, conhecer tudo e não me especializar em nada. A propósito, esse é o meu lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=W5343118

No momento quero escrever sobre o Zygmunt Bauman.
Apesar de estar passando por um processo de seleção de mestrado, confesso que nenhuma leitura na área da História tem me agradado tanto quanto o livro "Amor Líquido" do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Basicamente o livro aborda a fragilidade dos laços na pós modernidade e sobre a dificuldade das pessoas se entregarem a relacionamentos. As possibilidades são tantas que as pessoas evitam se comprometerem com medo de perderem outras opções de comprometimento, e nessa acabam procurando a vida inteira o "tipo ideal" que não corresponde com a realidade, mas isso é uma opinião particular.

Enfim, ainda poderia escrever sobre o filme "O menino do pijama listrado", mas vou deixar para outro dia, caso contrário fico sem munição.

Até mais

domingo, 26 de abril de 2009

Eu, eu mesma e mais ninguém...



Ultimamente eu não tenho tido vontade nenhuma de conversar, nem mesmo diálogos curtos, sejam eles pessoalmente ou via internet. Por outro lado percebo que cada dia que passa mantenho mais e mais monólogos ferrenhos. O motivo eu ainda não descobri.

Não me encontro disposta a manter discussões, de tentar defender pontos de vista, bem como não sinto vontade de me explicar, me fazer entendida, assim sendo, eu me torno a minha melhor companhia. O problema é alimentar cada vez mais esse lado anti-social (aliás, anti-social continua anti-social após a reforma ortográfica?). Em um dos monólogos, questionei a interlocutora se isso poderia ser característica do meu lado egocêntrico, onde só enxergo como digno de um bom papo eu mesma, mas ela não soube me responder, ou melhor, percebi que ela mudou de assunto, não se sentiu confortável em responder. A mera impressão de que essa possibilidade seja verídica fez com que se sentisse um nada, e ela busca negar esse sentimento de mesquinhez.

Terapia talvez seja uma opção, entretanto não sinto vontade de conversar com uma pessoa que pense entender mais de mim do que eu mesma.

Esse foi o primeiro post.
Chato, mas dana-se... eu provavelmente sou minha única leitora.